O Bêbado, a Lua, o Amor
Noite alta, um bêbado passa cantando, trajando luto (luto por quem?), me lembrou Carlitos. Cantando o que? Não vem ao caso, cantava uma canção que lhe vinha na cabeça, desconhecida, talvez no improviso, quem se importa? Suas roupas: sapatos engraxados no dia anterior, calças bem cortadas, mas não impecável como estava, camisas sujas e desarrumadas, por causa do infeliz tombo que levara na lama, pobre homem! E tudo por causa de uma dama de companhia daquele desastroso baile, em que, segundo ela, encontrou seu príncipe encantado, e não era ele. Por causa disso, ele quase acabou com o ponche! Mas nem todo o ponche de todos os bailes do mundo "acalmaria" sua dor: a dor de não ser correspondido. Resolveu, depois de observar sua ex-dama de companhia, deixar aquele lugar onde seus sonhos se despedaçaram de uma vez. Foi então, pela rua deserta na noite alta, olhando para a igualmente solitária lua, parecia até que seu rosto de prata se contraía, ao ver aquele cidadão sofrendo por amor, assim como ela mesmo sofreu. De fato, a lua estava tão linda e compreensiva, que não percebeu que uma pedra estava em seu caminho, e levou aquele tombo, que não o fez esquecer de sua dor, só a aumentou.
Entretanto, cantava. Um canto calmo, alegre, que ninguém saberia cantar além dele, ninguém saberia dar nome àquele canto, ninguém o entenderia. Somente os que amam saberiam cantar, saberiam nomear, saberiam entender.
(Atividade de L. Portuguesa, que consistia em continuar um texto. Karen M. Baroni.)
Oi, Karen linda!
ResponderExcluirQue bom que você postou seu texto.
Senti-me orgulhosa porque essa atividade de LP foi proposta por mim.
Você vai longe, querida...afinal, a cada dia que passa você nos impressiona com seu estilo e capacidade de redigir.
Parabéns!
Maravilhoso texto.
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